Quem nunca ficou petrificado com tanta beleza ou tanta estranheza de alguém/algo?
O mito de Medusa faz o trampolim de um para o outro. Ela era tão bela que foi transformada na mais horrível de todas.
{Alguns disclaimers antes de começarmos; - O mito serve para nos guiar pelo inconsciente e buscar respostas para perguntas ainda não feitas. E lembre-se um mito é uma metáfora e não algo real. Nunca existiu uma mulher com cabelos de cobras. E não confunda o mito de Medusa como o de Cassandra, ambos tem elementos que se repetem como Atena, Sexo e Poseidon, mas são completamente diferentes.}
Mas vamos começar do lá do inicio... Vamos voltar para Grécia Antiga...
O MITO
Conta-se que Forcis e Ceto (Ambas divindades marinhas gregas) tiveram três filhas que ficaram conhecidas como Górgonas - Esteno (A Forte) , Euríale (A Veloz) e Medusa (A Guardiã).
Elas eram monstros ctônicos, ou seja, opositoras aos deuses olimpianos. Possuíam escamas pelo corpo, braços de metal e grandes dentes pontiagudos, e é claro, sua característica principal - o cabelo de cobras - que tinha o poder de petrificar quem olhasse para elas. Medusa era a única Górgona mortal.
Mas com o tempo o pensamento grego mudou e o mito também.
Numa ode escrita em 409 a.c, Píndaro (512 a.c - 437 a.c), o grande poeta grego já falava de "Medusa de belas bochechas.
"Lá perto delas suas três irmãs feiosas, as Górgonas, aladas
Com cobras no lugar de cabelo - odiavam o homem mortal".
Mais tarde o poeta romano Ovídio (43 a.c - 18 d.c) relata o mito como Medusa sendo uma bela jovem de olhos verdes que era sacerdotisa de Atena, deusa da Sabedoria e da Estratégia. Sua beleza era elogiadas por mortais e por imortais, principalmente a perfeição dos seus cabelos loiros. Medusa passou a ter a beleza comparada a Atena, e, a própria moça começou se engrandecer pelo título 'de mais bela que a deusa que servia.'
Um dia, ela teve uma relação sexual e consensual com Poseidon, o Senhor dos Mares, se encontrando com ele nos campos na Primavera. Após isso, retornou para o tempo como se nada tivesse acontecido, Atena enfurecida pela quebra do voto de sua sacerdotisa com seu rival e tio Poseidon, transforma os belos cabelos da jovem em serpentes vivas e seu rosto tão horrível de se olhar que transformaria qualquer um em pedra.
O final de Medusa é trágico como uma peça grega deve ser.
Banida dos templos de Atena e temida por mortais e imortais, Medusa escolheu um caverna para fazer de lar. Inúmeros guerreiros tentaram matar a criatura, mas seu olhar petrificante era forte demais. Até que um dia Perseu - munido das estratégias de Atena de não olhar nos olhos da criatura e de polir o escudo ao ponto dele refletir sua imagem, usando as sandálias aladas de Hermes, e o elmo da invisibilidade, a espada e escudo de Hades - decapitou Medusa. Quando separou a cabeça do corpo nasceram duas criaturas: O cavalo alado dos heróis, chamado de Pegasus e o gigante dourado chamado de Crisaor.
A CABEÇA SOZINHA FEZ MAIS QUE O CORPO INTEIRO.
Segundo Ovídio, quando Perseu voltava para o Sérifo mostrar ao rei Polidetes que havia cumprido sua missão. O jovem semideus usou a cabeça da Górgona para petrificar o titã Atlas que segurava o céu em seus ombros, Cetus (Mãe da Medusa), o monstro marinho que receberia Andrômeda como sacrifício, além dos dois novos dela Cefeu e Agenor que tentaram mata-lo e o próprio rei Polidetes que queria força a mãe do semideus se casar. O sangue dela que caiu nos mares criou corais do Mar Vermelho e o que caiu na areia criou as víboras do Saara. Mais tarde a cabeça foi dada para Atena, que a colocou em seu escudo, o Aegis. Dizem que apenas a visão do escudo fazia com o que exércitos recuassem de medo.
O ESDRÚXULO EM MEDUSA
O mito nos ensina sobre equilíbrio e o que acontece quando o ego mergulha demais nas emoções.
Medusa como nossa representante do ego tem fortes ligações com a água, simbologia para emoções. Seus pais eram divindades dos mares, ela teve relações com 'senhor dos mares', foi morta por Perseu (semideus que foi lançado no mar para ser morto, mas sobreviveu) e petrificou sua mãe que era um monstro do mar.
Sendo assim vemos que quando deixamos nossas emoções nos dominar perdemos nossa responsabilidade com a razão, que é representada por Atena, a deusa da sabedoria.
Medusa era bela, mas se vangloriar disso fez com que mergulhasse profundo demais em si e se esquecesse dos seus votos. As sacerdotisas de Atena faziam um pacto de se manterem virgem, assim como a deusa fez. Medusa quebrou esse voto como o rival da razão, o senhor das emoções. Ela já tinha raízes nas emoções e sendo uma sacerdotisa de Atena conseguiu equilíbrio, mas quando se deitou com Poseidon perdeu isso, se afogando e se amaldiçoando.
O seu fim mostra que quando tiramos os excessos e ficamos com o essencial podemos fazer muito mais. Após se separar da sua parte animalesca gerou duas criaturas - um ser dourado e com uma espada na mão e outro com quatro patas, mas que voa. Além de ter petrificado seres que faziam mal para outros.
"O ego não é mau, mas precisa de equilíbrio entre a razão e as emoções".
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